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Pr. Ricardo Gondim |
São inúmeras as contribuições da internet para a vida
moderna. Agora, não dá para acreditar em tudo que aparece na rede. Muita gente
já teve os textos copiados e atribuídos a outros autores. Ou pior: alguém
escreve um texto ruim e diz que é de um autor consagrado só para ganhar
reconhecimento e chamar atenção. O mais engraçado é que, às vezes, o
falsificador erra o nome do autor.
O escritor Ricardo Gondim sempre gostou de ler e de
escrever. Tem 26 livros publicados, crônicas e temas existenciais. Nunca
ninguém duvidou da veracidade dos textos que escreve até o dia em que postou um
texto na internet e viu sua escrita ganhar novos donos.
“Pegaram o texto e primeiro atribuíram o texto como se ele
fosse de um autor anônimo – não existem nem autores anônimos – e depois foram
atribuindo para pessoas mais diferentes possíveis a autoria do texto que era
meu. Eu fiquei até surpreendido”, contou o escritor Ricardo Gondim.
Não adianta escrever o texto e depois assinar. O que cai na
rede vira quase de domínio público. Na internet, a autoria se dissolve e se
transforma. As palavras de um viram as palavras de todos. Quase uma sombra
persegue o professor Pasquale Cipro Neto na internet. Vira e mexe, tropeçam na
língua portuguesa justo na frente dele.
“Eu nunca escrevi, por exemplo, uma lista de provérbios que
correm pela internet que já começa errada pelo título. Vem lá: ‘Direto do
professor Pascoale’, com ‘ ‘C’ e ‘O’. Eu sou Pasquale, nome italiano, com ‘QU’.
Pegam-se provérbios consagrados e clássicos, alguns deles universais. ‘Quem tem
boca vai a Roma’, por exemplo, é um provérbio que existe em outras línguas, com
algumas adaptações, mas com o mesmo sentido. Na internet, está lá: ‘Quem tem
boca vaia Roma’, do verbo vaiar”, revela o professor Pasquale Cipro Neto.
Nestes tempos em que somos todos internautas, já não
acreditamos em tudo o que está escrito na tela. “Principalmente se você já tem
algum conhecimento. Se você conhece, por exemplo, o autor, você vai ler e vai
falar: ‘Isso é verdade’”, afirma psicóloga Denise Gomes.
“Tem de procurar em livros também, porque a internet não é
tudo”, explica estudante Amanda de Jesus Freitas. “É uma série de informações
que a gente recebe pela internet que a gente tem de se cercar de outros tipos
pra encontrar a verdade”, diz a vendedora Ana Cláudia Araujo.
“Eu leio jornal diariamente e assisto à televisão
diariamente. Então o que eu vejo na internet eu assimilo. Faço a comparação
para ver se está coerente”, revela o assistente de produção Jailson de Lima.
Doutora em literatura da PUC de São Paulo, Vera Bastazin diz
que o importante, seja na internet ou fora dela, é a formação do leitor.
“A questão da leitura é uma questão, eu diria, de segurança
nacional. Você quer formar uma grande nação? Você tem de investir em bons
leitores. O bom leitor é aquele que vai construir um pensamento próprio.
Eu
costumo dizer que aquele que constrói um pensamento próprio tem um voo de
autonomia. Isso é uma autonomia de voo, porque ele sabe pensar sozinho”,
defende Vera.
O escritor Ricardo Gondim chegou a ser denunciado por uma
leitora porque teria roubado um texto de Oswald de Andrade batizado de "O
valioso tempo dos maduros". Na verdade, o texto chama-se "Tempo que
foge", é do Ricardo Gondim e está devidamente publicado em uma coletânea.
Agora o que se pergunta é quem tem tempo e disposição para procurar textos na
internet, mudar palavras e o autor e sair distribuindo por aí.[G1]
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