16 de nov. de 2011

Político, eu?


Pelo menos para os pobres, a criminalidade acaba sempre em três "C"s: cadeia, cadáver ou cadeira de rodas. Entre as inúmeras razões que explicam o porquê do jovem ser tão facilmente seduzido pelo crime, destaca-se os muitos políticos brasileiros. Eles passam a sensação de que o crime compensa. São tantas as acusações e parece sempre não acontecer nada. Uma pesquisa realizada pelo Datafolha no ano passado mostra que essa visão é disseminada em toda a juventude brasileira, rica ou pobre - e acaba provocando nos jovens um descrédito na democracia, aversão à política e até tolerância com a desonestidade. Na visão dos jovens brasileiros, a desonestidade, segundo o Datafolha, está em primeiro lugar, empatada com a violência, na lista dos maiores problemas brasileiros. O desemprego e a miséria estão bem longe. 
Diante de tantas notícias trágicas sobre desvios que se acumularam nos últimos meses, essa pesquisa se torna especialmente valiosa. Num só saco temos os abusos em alguns Ministérios, como de Transportes e de Esportes, os estudantes de famílias ricas que foram beneficiários das verbas do Prouni - algumas delas teriam carros importados. Uma deputada foi absolvida, mesmo sendo flagrada com a mão na botija e tantos outros. Todas essas notícias, recorrentes há tantos anos, ajudam a explicar a mais trágica das respostas dos jovens ao Datafolha: 74% não têm "nenhum" interesse em participar dos partidos. Outros 18% disseram que teriam "pouco" interesse. A pergunta óbvia: como poderemos ter uma democracia representativa se os jovens do país não se interessam pelos partidos? Se a percepção dos jovens, como demonstra a pesquisa, é a de que a atividade política está atolada irremediavelmente na lama, quem se interessaria em ser vereador, deputado ou senador? Talvez aqueles interessados em tirar proveito da vida pública?  
A política me acompanha desde os tempos escolares da adolescência no Grêmio Estudantil e não está na conta o quanto de “caras e bocas” a que já fui submetido por desejar seguir carreira no assunto. Na universidade, por exemplo, enquanto muitos se preparavam orgulhosamente para serem engenheiros bem sucedidos, eu procurava respostas nos livros acadêmicos para diminuir a desigualdade social. Era melhor que eles em cálculo, física e resistência dos materiais - uma contradição e tanto, ou não, dependendo do ângulo que se vê.  Após a graduação, fiz opção por uma carreira profissional no serviço público, cujo ingresso fosse por intermédio de concurso, para que ocupando um cargo eletivo, não fizesse da política uma profissão. Confesso que quase sempre bate o desânimo, afinal, também sou estimulado a entrar num círculo vicioso em que os honestos não devem optar por política porque é um campo dominado por ladrões. Mas, ao mesmo tempo, sou motivado a continuar em frente, pois, sem os sérios para ameaçá-los, os picaretas não correm risco de perder suas vagas. Sei que estamos metidos num mato-sem-cachorro que talvez apenas um segmento pode mudá-lo: os próprios políticos. Mas, por enquanto, pouca gente, especialmente os jovens, parecem dispostos a ouvi-los. Então, nosso desafio é que enquanto isto, a parte da história feita por políticos sérios, urgentemente precisa ser contada, para que os mais jovens não desacreditem da democracia e da política. Para isto, conto com a sua ajuda! Quero trazer na memória aquilo que pode me dar esperança! Esperança Brasil, esperança Poá!

2 Comentários:

  1. Gostei do texto.... mas o ceticismo com relação à política se dá pela falta de debates qualificados sobre o tema...
    Entendo que a maior parte da imprensa brasileira não colabora com a qualificação do debate. Criam versões que não permitem estabelecer a luta política a partir dos reais interesses que dela emergem...
    De todos os interesses existentes, a grande maioria extremamente legítimos, é a capacidade de estabelecer uma verdadeira consciência de classe em nosso sistema social que permitirá dar um passo além para popularizar a política entre os jovens..... concorda?

    Grande abraço.
    Rosenil.

    ResponderExcluir
  2. Realmente Rosenil, por isto devemos estimular ao máximo a disseminação da mídia independente através da popularização dos blogs e das redes sociais, pois a imprensa tradicional é a grande espinha dorsal do sistema chamado poder e eles estão dispostos a qualquer coisa para continuar sendo os "donos do mundo"! Abraços.

    ResponderExcluir

Obrigado pelo seu comentário! Saulo Souza