Entre os diversos problemas que continuam a
desafiar as políticas de desenvolvimento social na nossa cidade, seguramente
uma das mais importantes é a da juventude. Nossa cidade é essencialmente jovem,
afinal, em 2012 seremos quase 35 mil jovens de 15 a 29 anos. Infelizmente,
são os jovens as maiores vítimas das situações sociais precárias e aquém das
necessidades mínimas que garantem uma participação ativa no processo de
conquista da cidadania.
O recente relatório publicado pelo Ministério da
Justiça, em 2009, que levou em consideração a mortalidade por homicídio, mortalidade por
acidente de trânsito, freqüência à escola, empregabilidade, grau de pobreza e desigualdade
social entre os jovens, veio para comprovar esta triste constatação. Poá é
aquele município que está no grupo dos mais críticos em se tratando de vulnerabilidade juvenil do Estado de São Paulo. Deixa para trás municípios muito maiores e com
arrecadação per capita muito menor que a nossa, como Itaquaquecetuba, por
exemplo.
É o reflexo dos anos de parcos investimentos em áreas essenciais para
a juventude. Agora, tem-se pela frente um desafio importante e de simples
equacionamento. Melhorar este índice implica em reconhecer o não-cumprimento de
direitos historicamente negados – educação, saúde, cultura e trabalho. Trazer
um programa de ações que pressupõe ser os jovens poaenses sujeitos dotados de
autonomia, interlocutores ativos na formulação, execução e avaliação das
políticas a eles destinadas, é um bom começo.
Vulnerabilidade juvenil
O IVJ, desenvolvido em parceria com a Fundação Seade, foi aplicado em
municípios com mais de 100 mil habitantes, em todas as regiões do País, com
base em informações do IBGE, num total de 266 municípios. Itabuna (BA), Marabá
(PA), Foz do Iguaçu (PR), Camaçari (BA), Governador Valadares (MG), Cabo de
Santo Agostinho (PE), Jaboatão dos Guararapes (PE), Teixeira de Freitas (BA),
Serra (ES) e Linhares (ES) constituem os municípios brasileiros com maior
vulnerabilidade à violência contra os jovens.
São Carlos (SP), São Caetano do Sul (SP), Franca (SP), Juiz de Fora (MG), Poços
de Caldas (MG), Bento Gonçalves (RS), Divinópolis (MG), Bauru (SP), Jaraguá do
Sul (SC) e Petrópolis (RJ) são as cidades brasileiras que registram os menores
IVJs -Violência. .
O levantamento conclui que a faixa etária com maior risco de perder vidas por
causa da violência letal é aquela entre 19 a 24 anos. Usando metodologia criada
pelo Laboratório de Análise da Violência, da UERJ, o IVJ -Violência prevê que
5,0 jovens morrerão por homicídios antes de completarem 24 anos no Brasil,
enquanto, na faixa etária de 12 a 18 anos, a estimativa é que 2,38 adolescentes
morram antes de completarem os 18 anos. Entre jovens adultos de 25 a 29 anos, a
expectativa é que morram 3,73 jovens antes dos 29 anos.
A pesquisa identifica haver relação direta entre violência e participação no
mercado de trabalho e escolaridade, uma vez que os jovens de 18 a 24 anos que
não realizam funções remuneradas e não estudam formam o grupo no qual o IVJ se
apresenta em patamar mais elevado. O indicador também confirma o "senso
comum" que aqueles que residem em domicílios com assentamentos precários,
caso de favelas, são os mais expostos à violência.
Nota-se, ainda, que os municípios que menos investem em segurança pública são
exatamente aqueles que mais expõem seus jovens à violência, confirmando, mais
uma vez, as fundamentações técnicas apresentadas pelo Fórum sobre a necessidade
de os governos terem sensibilidade a esse tema. Na prática, constata-se que nas
cidades onde a vulnerabilidade juvenil é muito alta a despesa realizada em
segurança pública, em 2006, foi de R$ 3.764 por mil habitantes, enquanto os
municípios com incidência baixa do índice aplicaram R$ 14.450 por mil
habitantes.
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