4 de jan. de 2012

Jovens e a violëncia


Entre os diversos problemas que continuam a desafiar as políticas de desenvolvimento social na nossa cidade, seguramente uma das mais importantes é a da juventude. Nossa cidade é essencialmente jovem, afinal, em 2012 seremos quase 35 mil jovens de 15 a 29 anos. Infelizmente, são os jovens as maiores vítimas das situações sociais precárias e aquém das necessidades mínimas que garantem uma participação ativa no processo de conquista da cidadania. 

O recente relatório publicado pelo Ministério da Justiça, em 2009, que levou em consideração a mortalidade por homicídio, mortalidade por acidente de trânsito, freqüência à escola, empregabilidade, grau de pobreza e desigualdade social entre os jovens, veio para comprovar esta triste constatação. Poá é aquele município que está no grupo dos mais críticos em se tratando de vulnerabilidade juvenil do Estado de São Paulo. Deixa para trás municípios muito maiores e com arrecadação per capita muito menor que a nossa, como Itaquaquecetuba, por exemplo. 


É o reflexo dos anos de parcos investimentos em áreas essenciais para a juventude. Agora, tem-se pela frente um desafio importante e de simples equacionamento. Melhorar este índice implica em reconhecer o não-cumprimento de direitos historicamente negados – educação, saúde, cultura e trabalho. Trazer um programa de ações que pressupõe ser os jovens poaenses sujeitos dotados de autonomia, interlocutores ativos na formulação, execução e avaliação das políticas a eles destinadas, é um bom começo.



Vulnerabilidade juvenil


O IVJ, desenvolvido em parceria com a Fundação Seade, foi aplicado em municípios com mais de 100 mil habitantes, em todas as regiões do País, com base em informações do IBGE, num total de 266 municípios. Itabuna (BA), Marabá (PA), Foz do Iguaçu (PR), Camaçari (BA), Governador Valadares (MG), Cabo de Santo Agostinho (PE), Jaboatão dos Guararapes (PE), Teixeira de Freitas (BA), Serra (ES) e Linhares (ES) constituem os municípios brasileiros com maior vulnerabilidade à violência contra os jovens.



São Carlos (SP), São Caetano do Sul (SP), Franca (SP), Juiz de Fora (MG), Poços de Caldas (MG), Bento Gonçalves (RS), Divinópolis (MG), Bauru (SP), Jaraguá do Sul (SC) e Petrópolis (RJ) são as cidades brasileiras que registram os menores IVJs -Violência. .

O levantamento conclui que a faixa etária com maior risco de perder vidas por causa da violência letal é aquela entre 19 a 24 anos. Usando metodologia criada pelo Laboratório de Análise da Violência, da UERJ, o IVJ -Violência prevê que 5,0 jovens morrerão por homicídios antes de completarem 24 anos no Brasil, enquanto, na faixa etária de 12 a 18 anos, a estimativa é que 2,38 adolescentes morram antes de completarem os 18 anos. Entre jovens adultos de 25 a 29 anos, a expectativa é que morram 3,73 jovens antes dos 29 anos.

A pesquisa identifica haver relação direta entre violência e participação no mercado de trabalho e escolaridade, uma vez que os jovens de 18 a 24 anos que não realizam funções remuneradas e não estudam formam o grupo no qual o IVJ se apresenta em patamar mais elevado. O indicador também confirma o "senso comum" que aqueles que residem em domicílios com assentamentos precários, caso de favelas, são os mais expostos à violência.

Nota-se, ainda, que os municípios que menos investem em segurança pública são exatamente aqueles que mais expõem seus jovens à violência, confirmando, mais uma vez, as fundamentações técnicas apresentadas pelo Fórum sobre a necessidade de os governos terem sensibilidade a esse tema. Na prática, constata-se que nas cidades onde a vulnerabilidade juvenil é muito alta a despesa realizada em segurança pública, em 2006, foi de R$ 3.764 por mil habitantes, enquanto os municípios com incidência baixa do índice aplicaram R$ 14.450 por mil habitantes. 



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