Mais do que nunca, efetivamente carecemos de uma legislação
atualizada de radiodifusão no Brasil. Não se trata de criar restrições ao livre
exercício da propriedade, da divulgação de informação e da expressão de
opinião, mas de se criarem mecanismos que permitam, tanto quanto possível, coibir
a concentração da mídia, responsabilizar as emissoras de televisão e rádio pelos
conteúdos que divulgam, enfim, regular socialmente a atividade empresarial da
comunicação no país.
Entretanto, com a aparente justificativa de promover esta
chamada regulação social da comunicação, o governo federal está para publicar um
decreto que consiste em “apenas” proibir que emissoras de televisão aluguem espaços
em sua grade de programação para igrejas evangélicas, as mais prejudicadas,
para a Ultrafarma e para o Polishop, por exemplo.
Como se o problema da anarquia que está a televisão brasileira
e suas relações com o poder, o Cachoeira que o diga, fossem os evangélicos ou as emissoras da “segunda
divisão” que atualmente são os maiores beneficiários da atual legislação, pois
permite que até 25% da programação seja repassada a terceiros.
Como se sabe, a Record, a Band, a Rede TV e o SBT têm na
venda de espaços para programas realizados por terceiros uma importante fonte
de renda e uma maneira de se viabilizarem frente a forte Rede Globo.
Reconheço que muitas igrejas evangélicas funcionam dentro da
lógica do mercado, estão ávidos por clientes. Entretanto não se pode nivelar
todas as igrejas por baixo e criminalizar a fé evangélica como um todo enquanto
as coisas que são consideradas grande imprensa no Brasil estão podres.
Prefiro o risco de continuar existindo programas de rádio ou
de televisão ensinando técnicas de oração, campanhas sucessivas de como receber
o que desejamos de Deus, de ver o esforço de grandes heróis do cristianismo
escorrendo na sarjeta da hipocrisia e da emotividade instantânea, a ver portas
fechadas para verdadeiros pregoeiros da justiça que ajudam as pessoas a
entender, internalizar e viver as verdades bíblicas.
Mais do que isto, ver o governo federal alinhado com esta “pornografia” que está a grande mídia, que ao que tudo indica, com aprovação ou não desta regulação, tendo inviabilizado fonte de renda das emissoras da “segunda divisão”, a Rede Globo vai continuar livre, leve e solta, e mais do que nunca, sem concorrência!
Minuta do Decreto Aqui
Mais uma reflexão...
ResponderExcluirSabe porque eu acho a proposta um absurdo, uma afronta a inteligência das pessoas, porque todo mundo sabe que todas as emissoras se viabilizam com cotas de publicidade.
Quer dizer então que eu proíbo alugar horário para Igreja e mantenho inalterado autorização para publicidade.
Qual a diferença de se vender algumas horas para igreja evangélica e alguns segundos no intervalo do jogo para Brahma, para cigarro, para coca-cola?
Inclusive, é muito mais caro alguns segundos no intervalo do jogo e da novela das 20h para publicidade da coca-cola do que muitas horas para programas evangélicos.
A conta é esta! Qual a diferença! Igreja não pode e Brahma pode?
Compra o produto quem quer!
Eu não estou defendendo igrejas que fazem programas não, porque sabemos que a lógica de muitas delas não tem nada a ver com o Evangelho genuíno, mas com práticas mercadológicas apenas. Muitos destes programas são uma venda de produto!
Meu desabafo é sobre esta hipocrisia. Precisamos de uma regulação no setor que efetivamente combata a "pornografia" que se encontra a grande mídia e suas relações com o poder no país, o Cachoeira que o diga, e não criar mecanismos para incentivar a concorrência desleal.
No dia que baixar um decreto que publicidade de cigarro, de álcool, de carro, de todos os serviços que incentivem o consumismo, estão proibidos, talvez coerentemente defenderei que publicidade de igreja também está proibida, independente se uns usam alguns segundos e outros algumas horas...
Saulo,
ResponderExcluirParabéns pela reflexão!!! :)